Israel é um país de imigrantes. A sua pluralidade de culturas tenha sido talvez o maior viés de crescimento e transformação de um país pobre em recursos naturais e com uma população tão pequena territorialmente, em um dos maiores polos de inovação do mundo.

Nação empreendedora, como é conhecida, Israel ocupa o primeiro lugar entre os demais países ocidentais em seu compromisso com a ciência e desenvolvimento de novas tecnologias. É também um dos países mais desenvolvidos e inovadores do mundo, segundo o Ranking do Fórum Econômico Mundial. Tel Aviv, principal polo tecnológico da nação, é um dos mais importantes ecossistemas mundiais.

A escassez de recursos naturais, sua população diversa e a trajetória militar de Israel são fatores históricos que explicam o ambiente propício ao empreendedorismo. Com certeza, essas são características que fizeram do povo israelense uma comunidade mais criativa e aberta a novas tecnologias.

Um país que investe quase 5% do seu PIB em pesquisa e desenvolvimento, não poderia ser menos que o berço de empresas como Waze, Viber e Wix. Além disso, empresas como IBM, Google, 3M, Microsoft, Facebook, Intel e Samsung abriram centros multinacionais de P&D em Israel nos últimos anos.

E nesse mês, eu tive o prazer de estar em contato com esse incrível ecossistema de Startups e empresas que investem pesado no fomento das mais diversas tecnologias e soluções sustentáveis. Junto com um grupo de mais de 15 pessoas, tive a oportunidade de participar de uma imersão intensiva nas principais referências de negócios e centros de inovação israelenses. Iniciativas essas que promovem grande impacto e impulsionam a economia em diferentes escopos e indústrias.

Promovida pelo Instituto GYNTEC, a Missão Econômica Israel de Energias Renováveis, teve como principal objetivo conhecer projetos que incentivam a Pesquisa e o Desenvolvimento em novas fontes de Energia e as Startups de CleanTechs.

Essa é a Israel Innovation Authority, que é a autoridade israelense de inovação, uma agência conhecida como o gabinete do chefe do ministério da economia e promove o desenvolvimento em pesquisas dentro do estado de Israel. Ao meu lado, Rodrigo Pedroso, CEO da Pacto Energia, meu sócio.

Fomos recebidos por eles para uma apresentação e reunião introdutória sobre os assuntos do Ecossistema de Inovação Israelense, apresentação sobre o setor energético de Israel e o setor de Ciências da Vida e Sustentabilidade e também sobre as possibilidades de cooperação Brasil-Israel para P&D.

Conhecemos também o Israel Export Institute, o Instituto de Exportação de Israel, que é a principal porta de entrada para fazer negócios com empresas israelenses. Fizemos um encontro com as principais empresas do segmento de Energias Renováveis, como a Sowillo Energy, empresa tecnológica que desenvolve sistemas solares de última geração.

Mais adiante, visitamos a SOSA, uma plataforma global de inovação aberta, que oferece aos seus parceiros acesso a fontes globais de inovação disruptiva e promove oportunidades de crescimento entre corporações e startups. Atuam nos segmentos de Startups em Energia, Sustentabilidade, Construção, Mobilidade, Fintechs e Cybersecurity.

No dia seguinte, pela manhã, tivemos um encontro no no Co-Work MINDSPACE com Michel Abadi, CEO da Venture Capital Maverick, para falarmos sobre modelos israelenses de investimentos em Startups e Investimentos em novas Tecnologias. A Maverick fornece suporte financeiro e operacional, apoiado por investidores individuais escolhidos a dedo de todo o mundo, levando as principais empresas iniciantes de tecnologia para o próximo nível.

Fomos apresentados também à Startup RAYcatch, que fornece o software DeepSolar ™ para operadores e proprietários de empresas de energia solar que diagnostica seus campos e plantas de energia solar. Isso permite um aumento significativo na produção de energia em instalações existentes, bem como a avaliação de transações secundárias neste setor.

Tivemos a oportunidade de conhecer também os projetos de energia termossolar de Ashalim, no deserto do Negev. São 50.600 espelhos controlados por computador (heliostatos), distribuídos em 3 km², responsáveis por produzir 121 megawatts de energia solar, com capacidade de iluminar 125 mil casas, ou uma cidade de 500 mil habitantes. A Usina Termossolar de Ashalim ainda evita a emissão anual de 110 mil toneladas de dióxido de carbono.

Ainda nessa missão, conhecemos o Arava Institute, que é o Instituto de estudo de novas tecnologias para Energias Renováveis e os parques Fotovoltaicos da Arava Power, uma empresa extremamente inovadora que possui 15 parques fotovoltaicos em Israel. Além disso, por mais de uma década a Arava Power tem sido pioneira no desenvolvimento de campos fotovoltaicos em Israel.

Aqui é o OurCrowd Jerusalém, uma plataforma de crowdfunding de capital líder para investir em startups globais, lideradas por empresário Jon Medved e dirigido por uma equipe de profissionais de investimento experientes. Oferta acesso sem precedentes ao investimento inicial. Investidores individuais através da OurCrowd estão alimentando inovações que mudam a forma como as pessoas trabalham, viajam, fazem compras e conduzem negócios.

Não há como descrever fielmente toda a experiência que tive em Israel, até porque só conhecendo de perto a força e a história desse povo você poderá ter uma noção do que é de fato uma nação empreendedora, que cresceu no extremo deserto, cercado por praticamente todos vizinhos inimigos, tendo que se fortalecer militarmente para sobreviver em tantas condições desfavoráveis.

Fiquei bastante impressionado com tudo que encontrei por lá. Quase todas as novidades tecnológicas que se tem conhecimento saem dos centros de pesquisas de Israel, aonde eles podem ditar o que acontecerá nesse mercado nos próximos anos.

Vivenciei uma cultura extremamente focada em inovação e desenvolvimento. O único recurso natural que Israel possui é o sol, então eles investem muito em novas fontes de energias renováveis.

Israel é uma atmosfera de aperfeiçoamento constante. Soluções são criadas todos os dias para atender desafios globais mais urgentes que a humanidade enfrenta. Eles respiram tecnologia, transpiram conhecimento e se reinventam a cada segundo. A criatividade é o motor que impulsiona novas ideias e cria saídas para os mais diversos desafios. A sua cultura militar influencia não só a capacidade de se protegerem contra ameaças, mas incentiva também o espírito de trabalho em equipe e o foco no que precisa ser feito, impactando diretamente no instinto de sobrevivência, porque pensar grande como eles pensam é mérito de poucas potências mundiais. E pensam sempre positivo, pois aprenderam desde cedo a assumirem riscos. Talvez por isso tenham postura diferente diante do fracasso “você tentou, errou e aprendeu a fazer certo. Agora faça”.

Nós temos muito o que aprender com Israel, pois eles são a prova de que é possível se reinventar e transformar o caos em um ambiente favorável ao progresso.